Tudo nasceu de um sonho de Claudia Raia em que ela rodava o país apresentando-se em uma caixa, que servia de palco, cenário e teatro. Parecia ir de encontro com o desejo da atriz de popularizar os musicais, mesmo com toda a dificuldade logística de organizar um espetáculo do gênero que fosse além de São Paulo e Rio de Janeiro. Obstinada, Claudia conseguiu, utilizando cenários em 3D, levar Pernas Pro Ar a outras praças do país. O espetáculo estreia no dia 4 de dezembro, no Teatro Bradesco. Assim como tem feito em outras cidades, Claudia diz que gostaria de realizar uma apresentação gratuita, no museu do Ipiranga. “Me ajude a divulgar essa proposta”, pede. A seguir, acompanhe a entrevista com a atriz, com parte das perguntas enviada por internautas.
Os musicais evoluíram no Brasil em relação à produção?
Fico feliz por, como quem não quer nada, ter reiniciado esse gênero no Brasil, ao lado de pessoas como a Marília Pêra. Nossa referência no início era o teatro de revista, que usei para atrair o público. E foi o que aconteceu. Mesmo em Não Fuja da Raia, no início dos anos 90, começamos a colocar referências dos musicais da Broadway, apesar de não ter os recursos apropriados. Mas hoje os musicais estão entre as maiores bilheterias do país, mesmo com o ingresso caro.
Você fala em popularizar o gênero...
Como a logística é complicada, geralmente os musicais só ficam entre São Paulo e Rio de Janeiro. Pernas Pro Ar é uma nova tentativa disso. Nossa intenção é levar o espetáculo a lugares inusitados, para outro perfil de público. Convidamos ONGs relacionadas ao canto, dança e artes cênicas, e que atuam em comunidades carentes, para assistir o ensaio geral, uma palestra e o making of do espetáculo, para mostrar como se faz um musical. E negociamos com as prefeituras para fazer uma apresentação extra em locais populares.
Como surgiu o enredo de Pernas Pro Ar?
De um sonho que tive, em que eu andava pelo país com uma caixa onde acontecia um show. Mas quem escreveria? Não temos autores e compositores de musicais. Primeiro, resgatei o coreógrafo Alonso Barros, que vive na Áustria, e Marconi Araújo, que cuidou da preparação vocal. Criamos o repertório, com músicas boas, mas faltava contar a história daquela mulher simples, a Helô. Foi então que tive a idéia de chamar o Luís Fernando Veríssimo. Além de músico, duas vezes ao ano ele vai à Broadway. Ele disse que não tinha tempo, mas consegui convencê-lo. “Faço, então, o argumento”, ele disse. Quem escreveu os diálogos foi o Marcelo Saback.
Que pontos em comum você tem com a personagem Helô?
Tenho um perfil diferente, não há nada de mesmice na minha vida, é cheia de emoção. E é de um risco permanente. Mas sinto falta de ter um pouquinho da Helô, de estar mais em casa, com os filhos e o marido. Adoro estar casada, ser dona-de-casa. Sou do interior paulista, tenho essa formação.
O quanto Pernas Pro Ar exige de condicionamento físico?
Bastante. São duas horas de espetáculo em que praticamente não saio de cena. É difícil, são nove músicas, e me canso muito, porque as pernas da personagem têm uma coreografia específica. Além de malhar, pratiquei balé todos os dias para me preparar. E, quando estou na esteira, corro e canto ao mesmo tempo. Desenvolvi esse treino há 15 anos e consigo ganhar mais resistência. É claro que não faço numa academia cheia de gente (ri).
Como você avalia hoje o espetáculo Não Fuja da Raia?
Tínhamos poucos cenários, nada era automatizado. Pernas Pro Ar é bastante tecnológico, viajamos com nove projetores e 12 computadores. São três carretas de 30 metros na estrada. Mas dá uma alegria danada ter levado ao público o Não Fuja da Raia.
Você é uma pessoa versátil. Mas o que lhe dá mais prazer: musical, novela ou teatro? (@joanabrescancin)
Minha formação é de bailarina e tenho praticado canto há bastante tempo. Os musicais trazem tudo no mesmo pacote: dança, canto e representação. É o gênero que mais me seduz, mas adoro ser atriz e fazer novela.
Por que Ribeirão Preto foi escolhido para a estreia nacional? (@Bureaukomunik)
É uma cidade preparada para receber um espetáculos desse tipo. As pessoas que vivem lá vão a São Paulo e até à Broadway para ver os musicais.
O que a fez optar pela religião budista? (@_Austre)
Fiz essa escolha há 17 anos. Apenas acredito na filosofia, não sou fanática. Me sinto bem, calma. Foi uma grande descoberta.
Pernas Pro Ar. Teatro Bradesco. Shopping Bourbon . Rua Turiassu, 2.100, Pompeia, 3670-4141. R$ 60/R$ 200. Estréia dia 4/12.
Fonte: http://revistaepocasp.globo.com
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