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"O ser humano é capaz de tudo, até de querer coisas nocivas e negativas para si mesmo."

- Claudia Raia

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10 setembro 2009

Cláudia Raia em 10 lições (27/08/2001)

Os medos, as manias e as histórias insólitas da
atriz que volta às novelas interpretando o primeiro transexual da tevê brasileira



Houve uma época em que seu maior patrimônio eram as pernas. Muito bem torneadas e longas, com 1,10 metro de comprimento, já foram avaliadas – e seguradas – em US$ 1 milhão. Por causa deste e outros atributos, ela ocupava o imaginário masculino brasileiro. Um símbolo sexual, a ponto de ser eleita musa do verão carioca, mesmo exibindo uma pele de porcelana ou “quase transparente”, como diz. Hoje, aos 35 anos, a atriz Cláudia Raia tem no filho Enzo, de quatro anos, e no marido, o ator Edson Celulari, 43, suas maiores conquistas. Mas, e as divinas pernas, as que lhe deram o pontapé inicial para a fama? Vão bem, obrigada, ela diria, mas já não são a razão de seu sucesso. Atualmente, é o talento que lhe confere respeito. Tanto é verdade que não estão mais no seguro. Ou melhor: “Elas são seguradas pelo Edson”, brinca Cláudia, de volta às novelas da Globo em As Filhas da Mãe, que estréia segunda feira 27.

A atriz viverá na tevê o personagem mais insólito da nova novela das sete. Será uma transexual, um homem que se transforma em mulher, na comédia escrita por Sílvio de Abreu. “Para fazer este personagem é necessário que a atriz tenha um físico adequado, uma grande verve para a comédia, muita coragem e nenhum pudor como atriz”, diz o autor. “O personagem foi criado para a Cláudia, que não tem medo de arriscar e adora desafios.” Para interpretar o transexual, ela não fez laboratório, pois diz ter “muita intimidade” com o universo dos gays.

Será a sétima novela da atriz, que ostenta em sua carreira nove peças e três filmes. “Há dois caminhos para quem sonha em dar certo no meio artístico. Ou você usa a beleza para abrir portas e, por meio dela, mostra que tem talento, ou você a rejeita logo de cara. Eu fiz a beleza jogar ao meu favor”, afirma a atriz. Cláudia, no entanto, se acha mais interessante do que bonita. Conta que se policia para estar sempre cheirosa, mas dispensa o uso de cremes por um motivo engraçado. “Tenho muito corpo”, afirma ela, com seus 1,80 metro de altura. “Quando chego na metade, já estou cansada.” Ela não bebe, não fuma, faz musculação cinco dias, corre três dias por semana e tem aulas de balé.

Fora das telas, a atriz se desdobra para dar conta das funções de mãe e esposa. Numa semana, Cláudia, que mora no Rio, passa quatro dias longe de casa – de quinta a domingo está em cartaz em São Paulo com a peça O Beijo da Mulher Aranha. De segunda a quarta, ela se dedica às gravações de As Filhas da Mãe. O trabalho está tão incorporado ao dia-a-dia da família que Enzo já entrou no espírito. “Ele não gosta de ser fotografado e, inclusive, me avisa quando há fotógrafo atrás da gente”, conta Cláudia. Quanto ao marido, ela acredita que o fato de atuarem na mesma profissão facilita a compreensão e a convivência. Não à toa, o casal está junto há dez anos e, como diz Cláudia, sem brigas. “E olha que para não brigar comigo tem de ser um santo! Meu gênio é muito forte.”


» Comemorou dez anos sem fumar
“Dizem que é só depois de dez anos de abstinência que uma pessoa pode se considerar livre de um vício. Em 7 de junho passado, fiz um bolo, escrevi meu nome em cima e comemorei dez anos sem pôr um cigarro na boca. Comecei a fumar aos 12, por inveja da minha irmã (Olenka Raia), que fumava. Tinha um porão na academia de ginástica da minha mãe, em Campinas, onde ficavam guardadas peças de roupa. Eu ia lá todo dia, me vestia de diferentes maneiras e fumava na frente do espelho. Um dia minha mãe apareceu e amassei o cigarro com a mão. Cheguei a fumar dois maços e meio por dia. Percebia minha respiração ofegante. Nessa época, não conseguia tomar banho sem dar uma tragada debaixo do chuveiro. Precisava, às vezes, de bombinha de oxigênio para respirar melhor. Um dia sonhei que sofria de enfisema pulmonar e decidi parar. Procurei um acupunturista e, em uma semana, deixei o cigarro.”

» Sofreu queimadura de 2º grau no rosto
“Na nossa casa, em Campinas, trabalhava a cozinheira Maria, a nossa mãe preta. Ela era gorda, hilária e tinha um jeito especial de fritar bife. Maria lotava a frigideira de óleo quente, deixava o bife escorregar e logo tudo estava pronto. Eu achava lindo. Um belo dia, ela se distraiu e e

u, rápida e arisca, joguei o bife no óleo. O óleo espirrou no meu rosto. Por pouco não fico cega aos 11 anos. Tive queimaduras de segundo grau, fui para o hospital, mas não queria ficar lá. No dia, ia acontecer um desfile na academia da minha mãe. Implorava para arrumarem uma máscara com purpurina para cobrir os ferimentos e poder participar do desfile. Mas acabei ficando três dias no hospital. Por sorte, não tenho marcas no rosto, mesmo com essa pele branquinha.”

» Foi interrogada numa delegacia na Argentina
“Com 15 anos participava do musical Sextante no teatro El Nacional, em Buenos Aires. Estava lá de férias com minha avó, fiz um teste para o musical e passei como primeira bailarina. Fiquei na Argentina um ano. Naquela época de ditadura, o país guerreava com a Inglaterra pelas Malvinas. Lá, existia um procedimento chamado averiguação de antecedentes. Funcionava assim: a polícia parava e levava para um interrogatório na delegacia qualquer um que ela desconfiava ser homossexual. Um dia, passeava com vários gays e fui pega. Na delegacia, queriam que eu delatasse meus amigos. Não cooperei. Por ser menor, não encostaram a mão em mim. Fui solta graças a minha mãe que, por sorte, estava na Argentina. Ao sair, fui atrás de uma vedete conhecida por lá para ajudar a soltar meus amigos. Assim que fui liberada, soube que o teatro pegou fogo. Não sabia se corria para o El Nacional ou procurava ajuda. No final, meus amigos foram soltos, mas apanharam um bocado da polícia.”

» Já torceu 11 vezes o tornozelo
“A rotina de uma bailarina é muito desgastante para as articulações. Torci sete vezes o tornozelo do pé direito e quatro, o do esquerdo. Operei também o joelho esquerdo, há sete anos, por conta de um desgaste na patela. Antes de encarar a cirurgia, fiquei um ano e meio em cartaz com a peça Não Fuja da Raia. Fazia fisioterapia antes e dançava com uma bandagem em volta do joelho para suportar o esforço. No dia da operação, gravei minha última cena da minissérie Engraçadinha. Eu tinha que cair de joelhos. Por isso, um acolchoado foi colocado no chão. Depois da cena, corri para operar o joelho. Fiquei 29 dias parada.”

» Foi dançarina de samba nos Estados Unidos
“Dos 13 aos 14 anos morei em Nova York. Ganhei uma bolsa de estudos de dança. Na época, uma bailarina amiga minha conseguiu um emprego para eu dançar samba na Cachaça, uma casa noturna. Durante seis meses, essa foi minha ocupação. Ganhava US$ 100 por semana. Antes, tentei a sorte numa lanchonete. Comecei preparando lanches, mas, como sou desastrada para trabalhos manuais, no segundo dia cortei o dedão da mão direita. Virei garçonete. Foi pior ainda. Não entendia inglês e trocava os pedidos. Em um mês fui dispensada.”

» Detesta que riam dela
“É uma contradição. Sou comediante, mas detesto que riam de mim. Geralmente, são os amigos que me provocam. O Enzo é igual. Quando eu tinha seis anos, minha mãe deu uma lata de creme de leite para a Olenka abrir. Ela me mandou sacudi-la e abrir depois. E disse: ‘Quando o creme parar de fazer barulho você abre’. Lógico que isso não aconteceu e a Olenka caiu na gargalhada ao me ver sacudindo como uma tonta. Fiquei com raiva a atirei a lata na cabeça dela, que tomou cinco pontos. Quando vi o resultado, me escondi debaixo da cama. Fiquei lá mais de 20 horas. No quarto havia uma janela enorme que dava para a rua. Por ali eu pedia comida – balas, salgadinhos – para quem passava. Claro que, quando dava, eu corria para o banheiro e fazia xixi. Até que minha mãe me
achou, mas não me bateu. Aliás, ela nunca me deu uma surra.”

» Não gosta de gatos
“Aos dez anos recebi pela primeira vez uma mesada da minha mãe. Com o dinheiro, comprei uma
malha de balé lilás. Era meu sonho. No mesmo dia vesti a roupa e fui para a casa de um tio. Chegando lá, o gato se jogou em cima de mim e desfiou a malha inteira. Fiquei estática, com cara de tacho. Desde então, passei a ter horror de gato. Não chamo, não passo a mão, não brinco. Faço o que a maioria das pessoas não consegue fazer: ignoro.”

» Já correu de collant e meia pela rua
“Estava excursionando pelo Brasil, em 1993, com o espetáculo Nas Raias da Loucura. Numa das cidades, os caras que montavam o cenário cheiravam mal. Eu fazia aula de balé no local, mas por causa do cheiro preferi ficar na coxia, com uma toalha enrolada no pescoço. De repente a toalha caiu e, quando a peguei, veio uma pequena cobra junto. Joguei tudo para o teto e saí correndo de meia e collant pela rua. Aquele cheiro, a cobra, tudo me tirou do sério. Em desespero eu gritava: ‘Polícia, socorro’. As pessoas que estavam no local me reconheceram e corriam atrás de mim dizendo: ‘Me dá um autógrafo’. Surreal! Quando voltei à lucidez, disse que não entraria mais no teatro. Ele foi dedetizado, mas não encontraram a cobra. Não me apresentei no dia marcado, só no dia seguinte. Mesmo assim fiz o espetáculo pisando em toalhas espalhadas pelo chão com medo de encontrar a tal cobra.”

» Ganhou de Celulari um anel de brilhantes, escondido numa musse de chocolate
“Eu e o Edson somos muito românticos. No Dia dos Pais, como não pude estar com ele, espalhei presentes pela casa toda, com cartões escritos por mim, pelo Enzo e até pelo nosso cachorro. Para uma relação vingar, o casal tem de surpreender e ser surpreendido sempre. Nunca esqueço da maior surpresa que o Edson me fez. Era aniversário de namoro. No dia, eu trabalhava na Bahia e ele, em Recife. Nos encontramos num restaurante baiano à noite para jantar. Dei ao Edson um relógio e fiquei muito chateada porque ele não lembrou da data. Dou muito valor às datas comemorativas. Ele pedia desculpas, dizia que o dia tinha sido corrido, coisa e tal. Bem, terminamos de jantar e o Edson perguntou o que eu queria de sobremesa. Pedi uma musse de chocolate e fui ao banheiro. Na volta, ao experimentar a musse, senti um negócio esquisito na boca. Aí vi um anel de diamantes enrolado num filme plástico. O Edson tinha armado aquilo tudo, não tinha esquecido da data e, ao ver minha felicidade, disse: ‘Esse foi o sorriso de chocolate mais lindo que vi na vida’.”

» Quer engravidar em 2002
“Quero ter três filhos. Assim que a novela terminar, ano que vem, pretendo engravidar. Escolhi ser mãe depois dos 30 porque acho que nessa fase dá para aproveitar mais a maternidade. Me sinto uma mãe mais madura, posso estar mais presente, embora trabalhe muito. Tenho um anjo da guarda que me ajuda a cuidar do Enzo. Ele está na escola – na British School – e reclama quando viajo para fazer teatro em São Paulo, diz que fica triste. Não adianta tentar engambelá-lo. Lá em casa sempre se fala a verdade. Não tem essa de dizer que mamãe vai dormir e na verdade vai sair. É assim que tem de ser.”

Fonte: http://www.terra.com.br/istoegente

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